A Assinatura de JesusAutor: Brennan ManningEditor: Mundo Cristão
Tamanho: 14 x 21cmPáginas: 208Categoria: Espiritualidade / ReflexãoFOI ASSIM QUE JESUS ASSINOU SUA OBRA: COM UM “X”Nada é tão desconcertante e, ao mesmo tempo, mais cativante quanto a mensagem da cruz. É no caminho do Calvário que o poder da vida se manifesta de forma mais eloqüente, traduzida na simplicidade do coração humilde e compassivo. É o segredo que levou o próprio Rei Jesus a fazer a opção pela coroa de espinhos, ainda que toda a ostentação dos reinos do mundo lhe fosse oferecida. Qual a explicação para esta escolha radical? Contradição? Não. Apenas graça.As nuances deste maravilhoso mistério são desfiadas por Brennan Manning em A assinatura de Jesus, mais uma obra com o toque de um dos mais originais pensadores cristãos da atualidade. Neste livro, o autor de O Evangelho maltrapilho e O impostor que vive em mim (publicados no Brasil pela Editora Mundo Cristão) faz uma proposição desafiadora – quase um contrato de risco: viver uma espiritualidade racional, mas que não dependa mais do intelecto do que da fé.Manning faz um excelente trabalho em soprar a poeira da teologia gasta e permitir que a graça faça o que apenas a graça de Deus pode fazer: ser admirável.Max LucadoTanta religião nos é transmitida como más novas ou novas insípidas que ficamos imensamente gratos quando ela é comunicada de forma revigorante como boa nova. Este é um retrato empolgante e acurado que nos informa inequivocamente que o Evangelho é bom, ofuscantemente bom.Eugene PetersonA vocês, leitores afortunados (...) bebam fundo. Uma incrível experiência os aguarda.Michael W. SmithNão quero a religião dura e visceral que preferiria que fosse Clint Eastwood, e não Jesus, nosso herói, nem a religião especulativa que tende a aprisionar o Evangelho nos salões da erudição; tampouco a barulhenta e indulgente religião que é um apelo grosseiro à emotividade. Anseio por paixão, inteligência e compaixão numa igreja sem ostentação, que acene gentilmente para que o mundo venha e desfrute da paz e da unidade que possuímos devido à presença do Espírito em nosso meio.Brennan ManningLeia excerto do 1º capítulo: Uma palavrinha de abertura Neste livro entrego meu coração e meu discurso deixando-os serem o que são: grosseiros e afáveis, sem rodeios e com passivos, intactos e magoados, honestos e polêmicos, sacados dos barris de vinho da vida. A palavra profética convoca incessantemente a igreja de volta à pureza do evangelho e ao escândalo da Cruz. Em suas numerosas cartas, Paulo reforça que seguir a Jesus é tomar a estrada principal até o Calvário. Entulhando as laterais da estrada para o Calvário jazem os esqueletos de nossos egos, os cadáveres de nossas fantasias de controle e os estilhaços de justiça-própria, espiritualidade auto-indulgente e ausência de liberdade. A maior carência do nosso tempo é por uma igreja que se torne o que a igreja raramente tem sido: o corpo de Cristo com o rosto voltado para o mundo, amando aos outros independentemente de religião ou cultura, derramando-se numa vida de serviço, oferecendo esperança a um mundo aterrorizado e apresentando-se como alternativa genuína ao que se passa hoje. "A igreja digna desse nome é um grupo de pessoas no qual o amor de Deus quebrou o feitiço dos demônios e falsos deuses que estão produzindo neste momento uma fissura no mundo".1 1Ernst Kasemann, Jesus means freedom, p. 77.
Uma palavrinha de abertura
Neste livro entrego meu coração e meu discurso deixando-os serem o que são: grosseiros e afáveis, sem rodeios e com
passivos, intactos e magoados, honestos e polêmicos, sacados dos barris de vinho da vida.
A palavra profética convoca incessantemente a igreja de volta à pureza do evangelho e ao escândalo da Cruz. Em suas numerosas cartas, Paulo reforça que seguir a Jesus é tomar a estrada principal até o Calvário. Entulhando as laterais da estrada para o Calvário jazem os esqueletos de nossos egos, os cadáveres de nossas fantasias de controle e os estilhaços de justiça-própria, espiritualidade auto-indulgente e ausência de liberdade.
A maior carência do nosso tempo é por uma igreja que se torne o que a igreja raramente tem sido: o corpo de Cristo com o rosto voltado para o mundo, amando aos outros independentemente de religião ou cultura, derramando-se numa vida de serviço, oferecendo esperança a um mundo aterrorizado e apresentando-se como alternativa genuína ao que se passa hoje. "A igreja digna desse nome é um grupo de pessoas no qual o amor de Deus quebrou o feitiço dos demônios e falsos deuses que estão produzindo neste momento uma fissura no mundo".1
1Ernst Kasemann, Jesus means freedom, p. 77.
Não quero a religião dura e visceral que preferiria que fosse Clint Eastwood, e não Jesus, nosso herói, nem a religião especulativa que tende a aprisionar o evangelho nos salões da erudição; tampouco a barulhenta e indulgente religião que é um apelo grosseiro à emotividade. Anseio por paixão, inteligência e compaixão numa igreja sem ostentação, que acene gentilmente para que o mundo venha e desfrute da paz e da unidade que possuímos devido à presença do Espírito em nosso meio.
A Cruz, a assinatura de Jesus, é a expressão última do amor de Deus pelo mundo. É a igreja do Cristo crucificado e ressurreto apenas aquela que traz sobre si a marca da sua assinatura; apenas quando está voltada para fora de si e percorre com ele o caminho da Cruz. Quando se volta para dentro, em disputas internas e discordâncias teológicas, a igreja perde sua identidade e sua missão.
No despertar do século xxi, o que separa os comprometidos dos não-comprometidos é a profundidade e a qualidade do amor por Jesus. Os superficiais dentre nós constroem celeiros maiores na euforia do evangelho da prosperidade; os avançadinhos seguem a última moda e tentam garantir cantarolando de boca fechada o seu caminho até o céu; os derrotados são perseguidos por fantasmas do passado.
Porém, a minoria vitoriosa, sem deixar-se intimidar pelos padrões culturais da maioria que dita o passo, vive e celebra como se Jesus estivesse próximo — no tempo, no espaço —, sendo testemunha dos nossos motivos, do nosso discurso e do nosso comportamento. Como ele de fato é.
A fidelidade à Palavra nos levará à rota da mobilidade descendente — para citar a frase famosa de Henry Nouwen — em meio a um mundo obcecado com a ascensão. Encontraremo-nos não no caminho do poder, mas no caminho da renúncia ao poder; não no caminho do sucesso, mas no caminho do serviço; não no
caminho largo do louvor e da popularidade, mas no caminho estreito do ridículo e da rejeição.
Ser cristão é ser como Cristo. Perder a vida de algum modo a fim de encontrá-la. O cristianismo prega não apenas um Deus crucificado, mas também homens e mulheres crucificados. "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gl 6:14). Não há discipulado sem Cruz. Não sou seguidor de Jesus se vivo com ele em Belém e Nazaré e não no Getsêmani e no Calvário.
Você é chamado a uma vida de discipulado radical? À pobreza de Madre Teresa? À oração dos pais do deserto? Ao martírio de Dietrich Bonhoeffer? Ao estilo de vida celibatário de Jesus e de Paulo? A uma carreira profética? Ao ministério de tempo integral em favor dos pobres e oprimidos? Serei eu chamado a essas coisas?
Enquanto pondera sobre essas questões e lê este livro, tanto honestidade quanto discernimento serão requeridos de você. Nem todo o mundo é chamado, como o jovem rico, a uma renúncia radical de literalmente tudo (v. Mc 10:17-30).
Jesus nunca disse a Lázaro e suas irmãs, Marta e Maria, que abrissem mão de tudo o que possuíam. Ele não anunciou a Nicodemos e José de Arimatéia que estavam excluídos do reino. O rico Zaqueu proclamou: "Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens" (Lc 19:8) — não tudo, apenas a metade. E ainda assim Jesus disse a ele: "Hoje, houve salvação nesta casa" (v. 9). A reação de Zaqueu já basta para herdar-se o reino. Isso espelha João Batista replicando às multidões: "Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem".2
Lucas 3:11
2Walter J. Burghardt, Still proclaiming your wonders, p. 136.
Há diversos níveis de discipulado. Logo depois da minha conversão comecei a invejar secretamente a generosidade de espírito, a oração profunda e os dons espirituais de outros na igreja. Foi uma inesquecível experiência de libertação quando, certo dia, em oração, meus olhos caíram sobre as palavras de João Batista: "O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada" (Jo 3:27).
Alguns de nós foram tão traumatizados pela vida que a mera sobrevivência, um dia de cada vez, é nossa única preocupação. Outros foram tão manchados pelas circunstâncias, marcados por deficiências físicas e emocionais ou contundidos e esmagados pelos caprichos da vida que mal são capazes de olhar além de suas próprias necessidades. Por exemplo, William Barry reflete sobre o homem de quem foi expulsa uma legião de demônios. Depois da cura, "quando Jesus entrava no barco, o homem que havia estado possuído por demônios implorou para ir com ele, e Jesus não permitiu, mas disse: `Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti'". (Mc 5:18,19; grifo do autor). O homem aparentemente não deplorou essa "rejeição" como injusta. Ao contrário, "ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam" (v. 20).3
Aparentemente esse homem não foi chamado a um discipulado radical. Mas foi chamado, como nós fomos chamados, a ouvir com atenção a primeira palavra de Deus para nós. Essa palavra é o dom de nós mesmos para nós mesmos — nossa existência, nossa natureza, nossa história pessoal, nossa singularidade, nossa identidade. Tudo o que temos e somos é um dos modos únicos, que jamais serão repetidos, de Deus expressar-se no espaço e no tempo. Cada um de nós, feito a sua imagem e semelhança, é mais
3Finding God in all things, p. 97,8.
uma promessa que ele faz ao universo de que continuará a amá-lo e importar-se com ele.
No entanto, mesmo quando a fé nos persuade de que somos uma palavra de Deus, permanecemos ignorantes do que Deus está tentando dizer através de nós. Thomas Merton escreveu: "Deus me profere como uma palavra que contém um pensamento parcial dele mesmo. Uma palavra nunca será capaz de compreender a voz que a profere. Mas se sou verdadeiro ao conceito que Deus profere em mim, se sou verdadeiro ao pensamento nele que existo para corporificar, estarei cheio da sua realidade e irei encontrá-lo em todo o lugar em mim, e a mim mesmo em lugar nenhum. Estarei perdido nele".4
Com resistência e perseverança devemos aguardar que Deus torne claro o que ele quer dizer através de nós. Essa espera envolve paciência e atenção, bem como a coragem de deixar proferir. Essa coragem vem apenas pela fé em Deus, que não profere palavra de falsidade.
Uma das impressionantes lições da Bíblia é o livre uso que Deus faz de frágeis seres humanos a fim de executar o seu propósito. Ele nem sempre escolhe o santo e devoto, ou mesmo o emocionalmente estável. O venerável Liebermann, um poderoso missionário do século xix, era um maníaco-depressivo que não conseguia atravessar uma ponte sem o desejo compulsivo de pular dela. "O Espírito Santo é portador de dádivas, e essas dádivas são às vezes dispensadas em lugares inesperados".5 Deus confere sua graça abundantemente, mas de modo irregular. Ele não oferece explicação para o mistério de que alguns são chamados a um discipulado radical e outros não.
Como somos todos mendigos privilegiados, mas não merecedores às portas da misericórdia de Deus, os que são chamados a um
4Seeds of contemplation, p. 62.
5Alan Jones, Exploring spiritual direction, p. 73,4.
discipulado radical não têm razão para vangloriar-se: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes" (1Co 1:27).
O dom do discipulado radical é pura graça aos que não têm nenhum direito a ele, pois os desejos mais profundos do nosso coração não estão sob o nosso controle. Não fosse assim, bastaria que escolhêssemos esses desejos e estaria resolvido. A coragem de viver como profeta e apaixonado está além do alcance humano. Sem a graça de Deus não podemos nem ao menos desejar Deus. Sem a graça divina não podemos viver de acordo com as palavras de Cristo. Toda a minha boa vontade e austera determinação não bastam para manter-me sóbrio. Em todas as salas de reuniões dos Alcoólicos Anônimos ao redor do país estão pendurados os dizeres: "Prossigo apenas pela graça de Deus".
Esse tema é poderosamente ilustrado na novela Franny e Zooey, de J. D. Salinger. Bessie tem importunado seu filho Zooey para que providencie ajuda profissional à irmã, Franny. Zooey pondera com cuidado a questão. Ele finalmente diz: "Para um psicanalista fazer algum bem a Franny ele teria de ser um tipo bastante peculiar. Não sei. Teria de acreditar que foi pela graça de Deus que foi inspirado a estudar psicanálise em primeiro lugar. Teria de acreditar que foi pela graça de Deus que ele não foi atropelado por... por um caminhão antes de obter sua carteira de motorista. Teria de acreditar que é pela graça de Deus que tem inteligência inata para ajudar de forma significativa seus pacientes. Não conheço nenhum bom analista que pense nessas linhas. Mas esse é o único tipo de psicanalista que poderia fazer algum bem a Franny".6
O que Jesus deseja ver em discípulos radicais é o que ele vê nas criancinhas: um espírito de receptividade puro e simples, completa
6P. 109. Citado em William Barry, Finding God in all things, p. 98.
dependência e confiança total no poder, na misericórdia e na graça de Deus mediada pelo Espírito de Cristo. Ele disse: "Sem mim nada podeis fazer" (Jo 15:5).
Da mesma forma que meu último livro, O evangelho maltrapilho, abordou o tema da graça radical, A assinatura de Jesus aborda o tema do discipulado radical. O discipulado é nossa resposta à graça. Qualquer que seja a medida de graça que tenhamos recebido, e qualquer que seja o grau de discipulado para o qual fomos chamados, todo cristão está debaixo da Cruz de Jesus Cristo, onde encontra salvação.
Por mais oculta e pouco dramática que seja o seu testemunho, oro para que você seja ousado o bastante para ser diferente, humilde o bastante para cometer erros, corajoso o bastante para queimar-se no fogo, e verdadeiro o bastante para ajudar os outros a verem que prosa não é poesia, discurso não é canção, e que tangíveis, visíveis e perecíveis não são adequados para seres marcados com o sangue do Cordeiro.
Ora, disse o Senhor a Abrão: "Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei".
"De ti farei uma grande nação,
E te abençoarei,
e te engrandecerei o nome.
Sê tu uma bênção!
Abençoarei os que te abençoarem
e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem;
em ti serão benditas todas as famílias da terra."
Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram.
Atravessou Abrão a terra até Siquém, até ao carvalho de Moré. Nesse tempo os cananeus habitavam essa terra. Apareceu o Senhor a Abrão e lhe disse: "Darei à tua descendência esta terra". Ali edificou Abrão um altar ao Senhor, que lhe aparecera.
Gênesis 12:1-7