Manual de Teologia Sistemática
Autor: Wayne Grudem
Editor: Vida
Tamanho: 16 x 23cm
Páginas: 551
Categoria: Estudo Bíblico / Teologia
O Manual de teologia sistemática é uma versão condensada do aclamado Teologia sistemática, publicado por Edições Vida Nova. Desenvolvido para estudantes de teologia, professores de escola dominical, líderes de grupos pequenos e para todos os interessados em se aprofundar nas doutrinas fundamentais do cristianismo, é imprescindível na biblioteca de todo cristão.
Editada sob a supervisão do autor, esta nova edição mais compacta que a original proporciona maior rapidez nas pesquisas. Foram excluídos capítulos que tratavam de administração eclesiástica e disciplina da igreja, assuntos cuja discussão geralmente é restrita aos seminários.
O Manual de teologia sistemática caracteriza-se pela clareza dos argumentos, ênfase bíblica e pelo tratamento minucioso de tópicos relevantes aos nossos dias, como batalha espiritual e dons do Espírito, entre outros. Com a riqueza de conteúdo deste livro você poderá desfrutar dos benefícios de conhecer em profundidade a doutrina bíblica.
Leia uma trecho do livro:
Como os cristãos devem estudar teologia sistemática?
1. Devemos estudar teologia sistemática com espírito de oração. Se estudar teologia sistemática é simplesmente certo modo de estudar a Bíblia, as passagens na Escritura que falam a respeito do modo pelo qual devemos estudar a Palavra de Deus dão-nos orientação nessa tarefa. Do modo como o salmista orou em Salmos 119.18: “Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei”, assim também devemos orar e procurar a ajuda de Deus no entendimento de sua Palavra. Paulo nos diz em 1Coríntios 2.14 que “quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente”. Estudar teologia é, portanto, uma atividade espiritual na qual precisamos da ajuda do Espírito Santo.
Não importa quão inteligente o aluno seja, se ele não continuar a suplicar a Deus para dar-lhe mente que entenda e o coração humilde para crer, se o aluno não mantiver o andar pessoal com o Senhor, os ensinos da Escritura serão entendidos erroneamente, ele não crerá neles, erros doutrinários aparecerão, e a mente e o coração do aluno não serão mudados para melhor, mas para pior. Os, estudantes de teologia sistemática devem resolver, desde o princípio, manter sua vida livre de qual- ; quer desobediência a Deus ou de qualquer pecado conhecido que possa trazer ruptura em seu ‘, relacionamento com ele. Devem resolver manter com grande regularidade sua vida devocional. Devem orar continuamente pedindo por sabedoria e entendimento da Escritura.
Visto que é o Espírito Santo quem nos dá a capacidade para entender a Escritura, precisamos ; perceber que o que devemos fazer, particularmente quando somos incapazes de entender alguma passagem ou alguma doutrina da Escritura, é orar a Deus pedindo ajuda. Muitas vezes não necessitamos de mais informações, e sim mais perspicácia para as que já temos disponíveis. Essa perspicácia é dada somente pelo Espírito Santo (v. 1Co 2.14; Ef 1.17-19).
2. Devemos estudar teologia sistemática com humildade. Pedro nos diz: “Sejam todos humildes uns para com os outros, porque ‘Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes’” (1Pe 5.5). Os que estudam teologia sistemática aprenderão muitas coisas a respeito dos ensinos da Escritura que talvez não sejam conhecidas, ou que não sejam bem conhecidas por outros cristãos em suas igrejas ou por parentes que conhecem ao Senhor há mais tempo que eles. Eles podem também se ver na situação de entender coisas a respeito da Escritura que alguns dos líderes da igreja deles não entendem, e que mesmo o pastor deles se esqueceu ou nunca aprendeu bem.
Em todas essas situações, seria muito fácil adotar uma atitude de orgulho ou de superioridade para com os outros que não estudaram dessa maneira. Mas seria muito feio se alguém usasse esse conhecimento da Palavra de Deus simplesmente para vencer nos argumentos, para derrubar um cristão na discussão, ou fazer com que outro crente se sentisse diminuído na obra do Senhor. O conselho de Tiago é bom para nós neste ponto: “Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tg 1.19,20). Ele nos diz que o entendimento que a pessoa tem da Escritura deve ser comunicado em humildade e amor. “Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria. [...] Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois; pacifica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera. O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores” (Tg 3.13,17,18). A teologia sistemática estudada corretamente não levará ao conhecimento que traz “orgulho” (1Co 8.1), mas para a humildade e amor pelos outros.
3. Devemos estudar teologia sistemática com a razão. Podemos verificar no m que Jesus e os autores d O NT muitas vezes citam um versículo da Escritura e a seguir tiram conclusões teológicas dele. Eles raciocinam sobre a Escritura. Não é, portanto, errado usar o entendimento, a lógica e a razão para retirar conclusões das afirmações da Escritura. Não obstante, quando raciocinamos e extraímos o que pensamos ser as deduções lógicas corretas da Escritura, às vezes podemos cometer erros. As deduções que fazemos das afirmações da Escritura não são iguais às próprias afirmações da Escritura; com a certeza e a autoridade dela, pois nossa capacidade de raciocinar e de tirar conclusões não é o padrão final – somente a Escritura o é.
Quais são, então, os limites do uso de nossas habilidades de raciocinar para tirar conclusões das afirmações da Escritura’. O fato de que raciocinar para tirar conclusões que vão além das meras afirmações da Escritura é apropriado para estudar a Escritura e o fato de que a Escritura em si mesma é o padrão final da verdade demonstram ambos que somos livres para usar nossa capacidade de raciocínio para tirar conclusões de qualquer passagem da Escritura enquanto essas deduções não contradigam o ensino claro de outras passagens da Escritura.’
Esse princípio delimita o uso do que pensamos ser dedução lógica da Escritura. Nossas supostas deduções lógicas podem ser errôneas, mas a Escritura em si mesma não pode errar. Dessa forma, por exemplo, podemos ler a Escritura e verificar que Deus, o Pai, é chamado Deus (1Co 1.3), que Deus, o Filho, é chamado Deus (Jo 20.28; Tt 2.13), e que Deus, o Espírito Santo, é chamado Deus (At 5.3,4). Poderíamos deduzir disto que há três Deuses. Mas então verificamos que a Bíblia explicitamente nos ensina que há somente um Deus (Dt 6.4; Tg 2.19). Assim, concluímos que o que pensamos ser a dedução lógica válida a respeito de três Deuses estava errado e que a Escritura ensina tanto a) que há três pessoas separadas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo), cada uma delas é plenamente Deus, e b) que há um só Deus.
Não podemos entender exatamente como essas duas afirmações podem ser verdadeiras, quando juntas constituem um paradoxo (“uma afirmação aparentemente contrária que pode, não obstante, ser verdadeira”).4 Podemos tolerar um paradoxo (como “Deus é três pessoas e um Deus”) porque temos confiança em que Deus, de modo supremo, conhece plenamente a verdade sobre si mesmo e a respeito da natureza da realidade e que, em seu entendimento, os elementos diferentes do paradoxo são plenamente conciliados, muito embora nesse ponto os pensamentos de Deus sejam mais altos que os nossos pensamentos (Is 55.8,9). Mas uma verdadeira contradição (como “Deus é três pessoas e Deus não é três pessoas”) redundaria afinal em contradição no próprio entendimento que Deus tem de si mesmo ou da realidade, e isso não pode ser.
Quando o salmista diz: “A verdade é a essência da tua palavra, e todas as tuas justas ordenanças são eternas” ($1 119.160), ele sugere que as palavras de Deus não são somente verdadeiras individualmente, mas também quando vistas na sua totalidade. Vistas coletivamente, o “sumário” delas também é “verdadeiro”. Definitivamente, não há nenhuma contradição interna na Escritura nem nos próprios pensamentos de Deus.
4. Devemos estudar teologia sistemática com a ajuda de outros. Precisamos ser agradecidos por Deus ter colocado mestres na igreja: “Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres...” (1Co 12.28). Devemos permitir que pessoas com esses dons nos ajudem a entender a Escritura. Isso significa que devemos fazer uso das teologias sistemáticas e de outros livros escritos por alguns dos grandes mestres que Deus deu à igreja no decurso da história. Significa também que o nosso estudo de teologia deveria incluir conversas com outros cristãos a respeito de coisas que estudamos. Entre aqueles com quem conversamos estarão certamente pessoas com dons de ensino que podem explicar os ensinos bíblicos e nos ajudar a entendê-los mais facilmente. De fato, alguns dos aprendizados mais efetivos em cursos de teologia sistemática oferecidos nas universidades e nos seminários muitas vezes ocorrem fora da sala de aula, nas conversações informais entre estudantes que tentam entender por si mesmos as doutrinas da Bíblia.
5. Devemos estudar teologia sistemática coletando e entendendo todas as passagens relevantes da Escritura sobre um tópico. Este ponto foi mencionado em nossa definição de teologia sistemática no começo do capítulo, mas o processo real precisa ser mencionado aqui. Como alguém empreenderia a tarefa de esboçar o sumário teológico de todas as passagens que a Escritura ensina sobre determinado tópico! Pois os tópicos aqui abordados levarão muitas pessoas a pensar que simplesmente estudar os capítulos deste livro e ler os versículos bíblicos anotados neles seja o suficiente. Mas certas pessoas quererão fazer um estudo adicional da Escritura sobre um tópico específico ou estudar um tópico novo não estudado aqui. Como poderia um estudante empenhar-se em usar a Bíblia para pesquisar os seus ensinos sobre alguns assuntos novos, talvez um assunto não discutido explicitamente em qualquer de seus compêndios de teologia sistemática!
O processo seria mais ou menos assim: 1) Procure todos os versículos relevantes. A melhor ajuda nesse passo é uma boa concordância, com a qual pode-se encontrar as palavras-chave e os versículos nos quais o assunto é tratado. Por exemplo, no estudo sobre o que significa o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus, deve-se encontrar todos os versículos em que as palavras imagem, semelhança e criar ocorrem. (As palavras homem e Deus ocorrem tantas vezes que, nesse caso, não seriam úteis.) No estudo da doutrina da oração, muitas palavras podem ser pesquisadas (orar, oração, interceder, petição, súplica, confessar, confissão, louvor, agradecimento, ação de graças etc.) – e talvez a lista de versículos crescesse demasiadamente para ser manejável, de forma que o estudante teria de folhear os verbetes da concordância sem prestar atenção aos versículos; assim, a pesquisa provavelmente teria de ser dividida em seções ou limitada de alguma outra forma. Também pode-mos encontrar os versículos percorrendo a história total da Bíblia e a seguir voltando para as seções onde haveria informação sobre o tópico em vista – por exemplo, o estudante que pesquisa sobre a oração desejaria ler passagens como a da oração de Ana por um filho (1Sm 1), a oração de Salomão na dedicação do templo (1Rs 8), a oração de Jesus no jardim do Getsêmani (Mt 26 e paralelas), e assim por diante. Enfim, em adição à consulta da concordância e à leitura de outras passagens que alguém pode encontrar sobre o assunto, verificar as senões relevantes em livros de teologia sistemática freqüentemente traz à luz outros versículos que haviam sido esquecidos, às vezes porque nenhuma dessas palavras-chave usadas pela concordância estava nesses versículos.’
7) O segundo passo é ler, anotar e tentar sintetizar os pontos destacados nos versículos relevantes. Com freqüência um tema será repetido muitas vezes e o sumário de vários versículos será relativamente fácil. Em outros casos, haverá versículos difíceis de entender, e o estudante precisará tomar algum tempo para estudar um versículo mais profundamente (apenas lendo o versículo no contexto várias vezes ou usando ferramentas especializadas como comentários e dicionários) até que seja alcançado o entendimento satisfatório.
3) Finalmente, os ensinos dos vários textos devem ser sumarizados em um ou mais pontos que a Bíblia afirma a respeito desse assunto. O sumário não tem de tomar a forma exata das conclusões de outra pessoa sobre o assunto, porque individualmente podemos ver coisas na Escritura que outros não vêem, ou podemos organizar o assunto de modo diferente, ou enfatizar coisas diferentes.
Nesse ponto também será útil ler as seções relacionadas, se for possível encontrá-las, nos diversos livros de teologia sistemática. Isso proporciona a verificação útil dos erros e dos descuidos e, muitas vezes, torna a pessoa cônscia de outras perspectivas e argumentos que podem fazer-nos modificar ou fortalecer nossa posição. Se o estudante descobre que outros argumentam a favor de conclusões muitíssimo diferentes, então essas outras posições precisam ser afirmadas com precisão e, a seguir, respondidas. Às vezes outros livros de teologia vão nos alertar para considerações históricas ou filosóficas levantadas anteriormente na história da igreja que proporcionarão esclarecimento adicional ou advertências contra o erro.
O processo esboçado acima é possível para qualquer cristão que leia sua Bíblia e saiba acessar palavras numa concordância. Obviamente, as pessoas se tornarão mais rápidas e mais exatas nesse processo com o tempo, com a experiência e com a maturidade cristã, mas seria de tremenda ajuda para a igreja se os cristãos em geral dedicassem mais tempo a procurar por si mesmos tópicos na Escritura, tirando conclusões do modo esboçado acima. A alegria da descoberta de temas bíblicos seria ricamente recompensadora. Especialmente pastores e os que conduzem estudos bíblicos haveriam de encontrar frescor adicional no entendimento da Palavra e no seu ensino.
6. Devemos estudar teologia sistemática com alegria e louvor. O estudo da teologia não é meramente exercício intelectual ou mental. É o estudo do Deus vivo e das maravilhas de todas as suas obras na criação e na redenção. Não podemos estudar essa matéria como se o coração e a mente não estivessem envolvidos! Devemos amar tudo o que Deus é, tudo o que ele diz e tudo o que ele faz: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças” (Dt 6.5). Nossa resposta ao estudo da teologia da Escritura deveria ser a do salmista, que disse: “Como são preciosos para mim os teus pensamentos, ó Deus.” (Sl 139.17). No estudo dos ensinos da Palavra de Deus, não deveria surpreender-nos se muitas vezes encontrássemos expressões de louvor e de encantamento brotando de nosso coração como estas do salmista:
Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. (Sl 19.8)
Regozijo-me em seguir os teus testemunhos como o que se regozija com grandes riquezas. (Sl 119.14)